Por Alexandre Lucas*
Derrotar o bolsonarismo exige
dividir o campo de lá e unificar o campo de cá, essa premissa foge do
puritanismo, guetização e do conforto político, esse, é o sacrifício para
constituir uma unidade de frente ampla capaz de defender o estado democrático de
direito e derrotar a direita de caráter fascista.
Os índices de aprovação do
Governo Bolsonaro têm caído, entretanto, ainda, lidera as pesquisas eleitorais para presidência da república. As
pesquisas realizadas pelo Instituto MDA, Bolsonaro
aparece na frente com 29,1% - (pesquisa realizada em 15 a 18 de janeiro) e já na consultoria política Atlas Político, ele, lidera
com 41% ( pesquisa realizada em 07 a 09 de fevereiro). Esses dados demonstram
que o atual governo tem força política numérica.
A base de apoiadores de
Bolsonaro é orgânica, odiosa, normatizada e economicamente elitizada, mas que
se pulveriza nas camadas populares por diversos veículos. Vale destacar que o eleitorado evangélico
representa quase um terço da população brasileira e que indiscutivelmente estão
na base de apoio do atual governo. Dos 513 deputados federais, 107 são evangélicos e no senado são 15, dos 81
senadores. O que demonstra organicidade entre os parlamentes e as suas
organizações religiosas que estão espalhadas nas diversas periferias
brasileiras. Nas eleições municipais devem ampliar o seu quantitativo
de vereadores. Na Igreja Católica alguns segmentos combatem o Papa Francisco e
apoiam o bolsonarismo.
Além
dos religiosos, organizações suprapartidárias de direita de forma direta e
indireta apoiam o bolsonarismo (conservadores, liberais e integralistas). O
General Mourão, vice-presidente da república, é uma articulação do PRTB,
partido que tem ligações com a Frente Integralista Brasileira - FIB e que é
presidido por José Levy Fidelix.
Neste
bojo, militares e milicianos também incorporam o seu apoio. A greve dos Policiais
Militares no Ceará foi um exemplo, alguns militares apareceram com camisas com
a imagem de Bolsonaro. A bancada da Bala
no Congresso Nacional tem 304
deputados de vários partidos, a maioria governistas. Empresários e ruralistas
com mandatos parlamentes compõe também esse leque de apoio.
A
engenharia política de Bolsonaro inclui ainda técnicas de microtargeting
e profiling, que faz com quem ele defina público, desperte interesse e consiga
apoio engajados nas redes sociais. Sem contabilizar os disparos de robôs e as
notícias impulsionadas.
O inimigo é real e não pode
ser subestimado. Não é o bobalhão, o que ele fala, faz total sentido para os
seus seguidores e tem ressonância política e capilaridade nas periferias e nos
casarões.
É preciso uma frente ampla que
ultrapasse o campo da esquerda e que dívida a direita. Necessitamos ocupar os
espaços de base comunitária, as redes sociais, as ruas e os espaços institucionais.
Precisamos ocupar e permanecer vigilantes, conquistar mentes e corações. Reinventar
as formas de caminhar, sem perder o norte do caminho.
É preciso barrar o
bolsonarismo. Frente ampla que aglutine religiosos, militares comprometidos com
a democracia, democratas, progressistas, movimentos identitários, ativistas e
segmentos descontentes com atual governo e que historicamente não são do nosso
campo ideológico.
Na política, a matemática nem
sempre é a soma das boas ideias, mas leva em consideração as variantes das
condições objetivas e o quantitativo de articulações e mobilizações de cada
força política.
Precisamos criar as condições favoráveis
para derrotar o bolsonarista. O isolamento, o sectarismo e o fechamento de
portas neste momento é um suicídio predeterminado para democracia.