Por Alexandre Lucas*
A transformação social não ocorre
de forma espontânea, mas a partir das condições objetivas criadas e da
realidade concreta. O trabalho de base é elemento fundamental para o processo
de aglutinar forças para as transformações micros e macros da sociedade. É
pertinente não descansar de duas dimensões constitutivas para alavancar o
trabalho de base: comunicar e articular.
Comunicar é essencial para o
trabalho de mobilização social e provavelmente um elemento desafiador, por
assumir funções distintas. Comunicamos para falar sobre nossas ideias, ações,
criar narrativas e imaginários, apontar caminhos, posições, informar,
politizar e aglutinar pessoas. Falamos para os nossos
pares e para os que não estão no nosso campo de atuação. As formas e as
estratégias de comunicação vão se diferenciando, os suportes, formas e
conteúdos vão das redes sociais ao som volante, do rádio ao panfleto, da
conversa ao jeito de se relacionar com as pessoas. Tomar café junto com as
camadas populares nas suas casas é um jeito de comunicar, já que a comunicação
não serve só para informar, mas para conquistar também.
Outro aspecto que deve ser
considerado é o fato que podemos comunicar e articular, mas nem sempre quando
comunicamos, no sentido de divulgar, estamos articulando. Articulação requer
diálogo mais próximo e vigilante, imersão e mapeamento da realidade, contato
permanente e direto com as pessoas. Quando articulamos estamos estabelecendo
uma comunicação para o convencimento, por isso é preciso fazer com que o outro
se sinta parte do processo. Lembremos de um casamento qualquer, muitos ficam
sabendo pelo fato de ser divulgado, mas só comparecem as pessoas que foram
convidadas, ou seja, as pessoas articuladas para se fazerem presentes.
Retomar o trabalho de base é
fundamental para adquirir musculatura social e eleitoral para os embates
políticos. Para ocupar os espaços de poder é fundamental lembrar dos cafés e
dos casamentos, porque, enquanto isso, a luta não será fácil e nem
leal, mas antagônica e sem conciliação de classes. São interesses
declaradamente opostos que estão em jogo.
A manipulação da informação e uma
articulação em rede, capitaneada pelo capital foi o impulsionador das forças
conservadoras, reacionárias, fascistas, militares e religiosas no país. Não
duvidemos, essas forças souberam usar veículos comunicação de
massa, redes sociais e as igrejas para comunicar e articular o ódio, a
violência e a exclusão.
*Pedagogo e integrante do Coletivo
Camaradas.