Precarização da cultura e as alternativas em tempos de crise


Por Alexandre Lucas*

Uma rede solidária e de luta vem se formando no Brasil, a partir do ajuntamento virtual de artistas, produtores e gestores, com o intuito de encontrar formas de minimizar os impactos na economia da cultura provocados pela pandemia do Coronavírus e amenizar as alterações psicológicas provocadas neste período de isolamento social.

A economia da cultura, não fica de fora da crise econômica, os equipamentos culturais fechados, cancelamento de espetáculos, proibição de aglomeração e sem espaços para circulação da produção artística, impõe que sejam pensadas formas alternativas e emergências para superar a crise.

Artistas e produtores que sobrevivem exclusivamente do seu trabalho no campo da arte e da cultura  e governos estaduais e municipais  estão dialogando para a criação de editais emergências para circulação em plataformas digitais,   outras demandas para o setor estão sendo discutidas como: prorrogação de prazos de editais, agilidade de pagamentos de editais anteriores, anistia de débitos e das cobranças de água e energia e inclusive  fornecimento de cestas básicas.    

Calcula-se pelo IBGE que o setor da cultura movimenta mais que 5 milhões de pessoas no país. Corresponde por 4% do um Produto Interno Bruto (PIB) Nacional e é responsável por cerca de 300 mil empresas de pequeno e médio porte no Brasil.

Neste momento as redes solidárias atuam em duas frentes emergências, uma que é estabelecer um diálogo com os governos municipais e estaduais e outra é de fortalecimento da própria organização dos artistas para enfrentamento da crise.

A luta emergencial não se desvincula da defesa do Sistema Nacional de Cultura e a criação ou consolidação nos estados e municípios dos seus sistemas, a garantia do percentual constitucional de 2% para a cultura e o fortalecimento do Cultura Viva/Pontos de Cultura.  

Essa crise também fortalece a ideia e a necessidade dos Comitês Populares de Cultura como instrumentos políticos e de solidariedade dos segmentos da cultura. Com o desmonte da política pública para a cultura no país, os comitês podem assumir papeis importantes para ampliar vozes, fortalecer a resistência pela democracia e ampliar conquistas.   

No Brasil, a luta contra o Coronavírus, assume também a luta contra o bolsonarismo que ataca frontalmente a saúde e incita o agravamento da transmissão do vírus, descomprimindo e debochando das orientações dos organismos da saúde e da ciência no mundo.

Outra questão que não deve se separar das preocupações dos segmentos da cultura é eleger candidaturas para as câmaras e prefeituras municipais comprometidas com plataformas políticas que aprofundem a democracia cultural e a sobrevivência das trabalhadoras e trabalhadores da cultura.  

É momento de articulação e de solidariedade, a crise que nos isola socialmente ao mesmo tempo nos une para encontrar alternativas, diálogos e formas de reinventar a democratização estética , artística e literária em tempos de conexão virtual, fragilidade econômica e de bolsonarismo.

Contra o avanço do Coronavírus e do bolsonarismo monte seu comitê popular de cultura como prevenção.

*Pedagogo, integrante do Coletivo Camaradas e atual presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturaisi do Crato/CE.          




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