A luta comunitária e o desafio pedagógico

 Por Alexandre Lucas* 

A construção da ação política no âmbito comunitário exige clareza de objetivos   e da realidade, e, essencialmente de convencimento, esse caráter pedagógico é o instrumento que dar volume a luta política. Conciliar a tomada de posição com a capacidade de articular e aproximar sujeitos, ampliando vozes, é um desafio de disputa de narrativa de sociedade.  

A dimensão do vencer e do convencer faz parte deste jogo político-pedagógico.   Se na política notadamente existe uma disputa entre antagônicos, no âmbito pedagógico existe uma necessidade de convencimento, ambos têm características distintas e ao mesmo indissociáveis.    

A dimensão política e pedagógica no âmbito de construção da organização e atuação comunitária se liga à necessidade de criar permeabilidade no tecido social do lugar. O corpo estranho no lugar, não carrega a mesma potência e permanência dos corpos políticos da localidade, essa evidência, diz respeito aos sujeitos sociais que desenham e redesenham suas paisagens sociais e culturais e criam e reinventam as suas formas de existência, sobrevivência e resistência. 

Neste sentido, aprender a “tomar café na comunidade” é uma tarefa desafiadora e complexa. O ato de tomar café, difere do ato de aprender a tomar café. Tomar café na comunidade propõe uma aprendizagem, para se apropriar e reconhecer as diferentes  formas e conteúdos de cada  café servido. Atuação política na comunidade não segue uma receita determinada, mas se reinventa  política e pedagogicamente a cada lugar e temporalidade.    
     
Por outro lado, neste processo, a luta política local deve atravessar a dimensão macro, para que a compreensão política seja amplificada. Os contextos locais não surgem a partir das suas localidades, mas a partir de conjunturas e aspectos mais amplos e complexos. 
   
Como as lutas políticas, não tem caráter estático, as suas formas também não têm limites. Ocupar os espaços de políticos de base comunitária deve ser associada também  a ocupar e dialogar com  as redes sociais, as ruas e os espaços institucionais e parlamentares. 

Os espaços da luta política são constantemente ocupados, não existe espaço vazio na política. Por isso é importante refletir: Quem consegue chegar nas margens dos centros urbanos e o que isso tem refletido na conjuntura nacional? A indústria cultural de massa, as igrejas neopentescostais, por exemplo, tem capilaridade no seio das camadas populares, isso influência, direta e ineditamente, a compreensão política e a visão social de mundo da população.     
       
A construção política de base comunitária  deve ser construída pedagogicamente visando criar uma cultura política norteada para ampliar visão social mundo, a emancipação humana e a ocupação dos micros e macros espaços políticos.      






*Pedagogo, integrante do Coletivo Camaradas e atual presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais do Crato.
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