Lugar, território e mobilização social para resistência comunitária



Por Alexandre Lucas* 

A resistência política de base comunitária deve ser encarada como algo processual, caracterizada pela acumulação de forças, articulação de sujeitos e organizações, insistência, reinvenção, continuidade e compreensão da realidade. Três eixos podem vincular-se às discussões desse processo de forma permanente, que são lugar, território e mobilização social.  

É preciso compreender o lugar e o território em que se atua, quais suas potências criativas, forças políticas, conflitos, contexto histórico-social, formas de organização e fragilidades. Se munir de informações é um instrumento político importante para se apropriar da realidade com o intuito de transformá-la. 

O lugar é espaço do afeto e da subjetividade, além de carregar uma historicidade coletiva que demarca ocupação espacial, formas de organização comunitária e demandas sociais. Essas questões podem apontar também para o entendimento de como o lugar se integra ao território e como esse território dialoga com os  lugares e as organizações.  

A geografia política do lugar e do território podem apresentar uma radiografia sem romances da realidade e possibilitar uma atuação precisa e consequente, no sentido de alavancar e consolidar conquistas sociais.  Porém, a apropriação de informações da realidade deve servir para a estratégia de mobilização social. 

A penetração no lugar e no território não são tarefas simples, em especial, quando se é percebido como um corpo estranho ou se tem uma narrativa de desconstrução do senso assistencialista sistematizado historicamente pelas elites econômicas de aniquilar a auto-organização comunitária.  

Neste sentido, a mobilização social perpassa pela necessidade de aproximação, escuta, diálogos e reconhecimento dos sujeitos socias e das suas narrativas, o que difere do ato de estar no lugar. É necessário criar capilaridade e aprender a conviver com o contraditório e a diversidade organizativa e de compreensão política. 

A mobilização social tem que ser compreendida dentro de um processo educativo, no qual ocorre a partir da mediação, interação e conflito entre os sujeitos e os sujeitos e as coisas. Esse princípio dialético será um norteador   para nos ajudar a compreender a atuação política no contexto de lugar e território.

É preciso abastecer o lugar, o território e a mobilização social com a produção de conteúdos visando a construção de identidade e de narrativa de lugar. Comunicar, articular e dialogar são ferramentas indissociáveis da mobilização social. 

A complexidade e a particularidade de cada realidade exige uma constante reflexão e reinvenção das organizações para contribuir com a emancipação humana, democratização social e ocupação dos espaços de poder pelas camadas populares. 

*Pedagogo e integrante do Coletivo Camaradas.
Proxima
« Anterior
Anterior
Proxima »
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário