Por Alexandre Lucas*
Léo, nossa rezadeira, é um dos patrimônios imateriais da Comunidade do Gesso/Crato-CE. Fonte de um imaginário e de uma sabedoria espiritual extraordinária. |
É indiscutível a necessidade da aquisição da leitura como mecanismo de integração e diálogo social. Alguns fatores transitam nesta questão, como: ampliação da visão social de mundo, instigamento do processo imaginativo, estratificação social, relações de poder, acesso, exclusão e elitização das leituras e das literaturas.
É nesta composição, que o hábito, o gosto e a mediação da leitura perpassam, por isso a necessidade da democratização das leituras e das literaturas, como parte integrante de democratização da produção historicamente desenvolvida pela humanidade.
A elitização do acesso ao livro aponta também para um poder centralizado numa elite econômica.
A constituição de uma cultura leitora é um desafio que se apresenta. As camadas populares, na sua maioria, detêm índices de escolaridade baixo e limitações da prática habitual de leitura. A taxa de analfabetismo tem reduzido, entretanto, muitos não têm conseguido ultrapassar as condições de analfabetismo funcional, quando a pessoa é alfabetizada, mas tem dificuldade de interpretação de textos.
Algumas perguntas se fazem necessárias para refletir sobre a cultura leitora, dentre elas: Qual o valor econômico do livro? Onde o livro circula? Como ocorrem os processos de mediação da leitura? Quais são os espaços de leituras?
O livro no Brasil é caro e se torna mais caro, quando não se tem o hábito de ler, quando a relação objeto e desejo são incompatíveis, o que consequentemente indica que o livro circula em espaços e públicos restritos. O hábito da leitura está intimamente ligado ao processo de mediação da leitura, que ocorre tanto no âmbito familiar, escolar, através de outras organizações ou iniciativas. Já a compreensão dos espaços de leituras ainda são limitados à escola e à biblioteca, apesar de existir uma infinidade de outros espaços e possibilidades: os muros, as praças, os postes, os pontos de ônibus, as bodegas, ambientes virtuais e as residências são locais de leituras. São nas casas onde as pessoas leem mais livros, conforme aponta a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil 4” (2015 ).
A defesa da democratização da leitura e a construção de uma cultura leitora tem ganhado contorno importante na discussão sobre a política pública e implementação de um marco legal, como é o caso do Plano Nacional do Livro e Leitura – PNLL, mas ainda é tardia essa implementação no âmbito dos estados e municípios. Por outro lado, o país vivencia um processo destruidor das políticas públicas implementadas com a discussão e participação social nas últimas décadas.
Aglutinar forças para mobilizar amplos setores da sociedade para discutir e definir uma política pública para o livro e a leitura, em cada cidade, é um exercício necessário para contribuir para democratização da leitura e uma cultura leitora. O Plano Municipal do Livro e da Leitura (PMLL) pode ser esse caminho.
As linguagens marginalizadas, os regionalismos, as inovações tecnológicas, os espaços urbanos, a literatura popular e contemporânea, os clássicos, a diversidade literária, o fomento a publicação de livros , a mediação da leitura, o reconhecimento das práticas oriundas do povo de democratização das leituras e das literaturas e a compreensão do acesso à leitura como direitos humanos é um passo importante desconstruir os castelos letrados em que o povo fica nas suas margens. Que a leitura possa ser uma apropriação irrestrita do povo para que ele possa construir um novo mundo de pão, palavra e poesia.
*Presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais do Crato/CE, integrante do Coletivo Camaradas e Pedagogo.
3 comentários
Clique aqui para comentáriosLeitura: o pão do espírito. Quem lê, pensa e dialoga. Vamos contribuir com essa revolução. .arme-se de um livro e atire na ignorância
ResponderE espere o ministro da justiça e seu "conje""AIIIIII.....
ResponderE espere o ministro da justiça e seu "conje""AIIIIII.....
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