Por Alexandre Lucas*
A cidade vai sendo tecida e reinventada
a partir de suas dinâmicas simbólicas e econômicas, ao mesmo tempo que se integra,
desintegra e se estratifica socialmente, redesenhando paisagens urbanas e culturais contrastantes e conflituosas, ao
mesmo tempo, é pertinente pautar a necessidade de discutir cidades criativas e
territórios integrados.
Reconhecer e potencializar os
saberes e fazeres comunitários que elevem a autoestima,
desenvolvam a capacidade colaborativa, contribuam para a redução dos impactos
ambientais e para o desenvolvimento humanos e o respeito a diversidade cultural
do nosso povo, alinhada ao entrelaçamento da produção do conhecimento
cientifico, tecnológico e a inovação são caminhos para vislumbrar cidades
criativas. Neste caso, a criatividade deve confrontar com a lógica do capital
de degradação ambiental, consumismo, individualismo e vislumbrar caminhos sintonizados
com o desenvolvimento humano e sustentável, em que os elementos simbólicos possam
despertar a imaginação, a curiosidade, o bem viver e a ampliação da visão social
de mundo.
A criatividade também deve ser
pensada como vetor para o desenvolvimento econômico de base comunitária, sem seguir os modelos de exclusão que o mercado sugere e que muitas vezes descaracteriza os saberes e
fazeres tradicionais e criam produtos desagregados do consumo comunitário, como por exemplo a gourmetização
e o conceito de agregação de valores.
Por outro lado, é necessário refletir
sobre as cidades como um complexo de territórios que devem ser integrados, a
partir de suas potencias criativas e de um urbanismo social, em que a política
pública tenha caráter intersetorial e a participação e escuta social sejam
diretrizes republicanas. Isso desmonta planejamentos frios e desarticulados da
realidade de cada lugar, concomitantemente, a urbanização e a integração deve também
movimentar e fazer circular a economia de cada local.
A integração deve estar
inserida numa compreensão de construção de redes horizontalizadas de setores
públicos e da sociedade civil com o intuito de gerar aproximações, articulações
e potencializar ações, trocas e tecnologias sociais.
Pensar cidades criativas e
territórios integrados contribui também para combater a vulnerabilidade e a
estigmatização social, dos territórios à margem do consumo e da urbanização
planejada e aponta para a desinvisibilização territorial e apresentação da
potência criativa como instrumento para uma perspectiva de desenvolvimento
comunitário e criação de uma narrativa emancipatória.
Logicamente, essas paisagens urbanas e culturais só vão se
constituindo e se construindo pelos que habitam o lugar, os quais são e devem
ser os principais protagonistas das suas histórias. A partir desta concepção de
entender o lugar e os seus construtores é que é possível discutir cidades criativas e territórios integrados.
*Pedagogo e integrante do
Coletivo Camaradas.
3 comentários
Clique aqui para comentáriosA cidade é um texto composto coletivamente e ela é lida também a partir de diversos olhares, todavia como produto e produtores desse texto devemos apontar para uma convergência que permita a boa convivência e o bem comum.
ResponderAbraços meu Amigo Alexandre Lucas, sabes que tens meu respeito w admiração.
Sislândia Brito
Beleza de texto. Parabéns.
ResponderO Camaradas é exemplo de iniciativa nesse sentido, que 2019 seja produtivo e frutífero para o coletivo e nossa cidade. Abraço
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