Narremos o lugar



Por Alexandre Lucas 

A narrativa do lugar é uma construção coletiva de comunicação que ultrapassa os limites do lugar.  É necessário ampliar a repetição de um discurso para que ele se torne parte do cotidiano e do imaginário das pessoas.  

Construir uma narrativa de lugar é se contrapor  a uma história já existente não no sentido de negá-la, mas de compreender e de apontar outras alternativas. 
  
A construção de narrativas é parte integrante da luta de ideias que ocorre no seio do confronto das classes sociais antagônicas.  

A superestrutura do estado capitalista está a serviço da manutenção das elites econômicas e é no campo do simbólico   que vão se constituindo as narrativas opressoras e de revezamento dos detentores do capital no poder. 

Os meios de comunicação de massa são  serviçais da edificação desse discurso de representação de uma narrativa dominante. 

Notadamente, estamos no campo das disputas de narrativas de sociedade que se dá tanto no campo da macro como da micro política. 

Concomitantemente  a luta pela democratização dos meios de comunicação de massa que se concentram nas mãos de poucos, se faz  necessário construir contrapontos comunicacionais que abram trincheiras contra o discurso dominador. 

É neste contexto de disputa que  a construção de narrativas de lugares são significativas para a luta de acumulação e tomada do poder pelos deserdados do capital e dos meios de comunicação de massa. A compreensão de lugar não está dessassociada do contexto da geografia de nação, mas acoplada a dimensão da diversidade, particularidade e unidade  enquanto alternativa  macro de sociedade, ou seja, o que se defende aqui não é a redenção dos lugares como ilhas de boas práticas, como defendem algumas  concepções contemporâneas muito influenciadas pelas visões ecologizantes,  pos-modernas e segmentais. 

Criar uma narrativa de lugar de base comunitária diz respeito a desinvibilizar territórios , apresentar formas de organização popular, esperança , criatividade e de resistência e, ao mesmo tempo, combater heranças históricas que atrofiam a capacidade de autoestima e protagonismo popular, como a caridade, vitimismo e a exclusão dos mecanismos de participação social.  

A narrativa de lugar deve    se tornar parte estruturante do lugar. Portanto, escrever , contar, fotografar, filmar, comentar e compartilhar são sinônimos da nossa luta por reinvdicar, ocupar e conquistar.

*Pedagogo e integrante do Coletivo Camaradas.
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