Fazer politico de base comunitária


Por Alexandre Lucas 

Aprender a tomar café junto do povo é um dos primeiros passos para compreender os sabores e dissabores das suas narrativas para a construção do fazer político de base comunitária.  É preciso imergir na realidade concreta, conhecer o lugar e percebê-lo a partir dos seus conflitos, das suas histórias e de seus limites territoriais e subjetivos. 

É necessária uma construção contínua e não um fazer político caracterizado pelo “evento”.  Quebrar os blocos entre os que criam a paisagem cultural e o tecido social do lugar e aqueles que não compõem o lugar é essencial estabelecer uma relação de aproximação com o povo, sem patamares. 
Construir politicamente no lugar sinaliza: identificar locais, estabelecer diálogos e falas para se fazer compreendido, conhecer as pessoas pelo nome e pelas suas identidades, planejar em partilhar comunitária, fazer escutas e instigar processos de construções coletivas que se temperem de dentro para fora.    

O fazer de base comunitária nos obriga a tentar enxergar a consciência social onde atuamos para que possamos falar com povo e não para o povo de forma verticalizada.  
    
Quem salva o povo do lugar? É o povo! Essa compreensão deve ser bússola política para a atuação comunitária e ao mesmo tempo ferramenta de combate para a compreensão que historicamente tem contribuído para criar um processo de descrença, desorganização, desarticulação e um quadro vicioso contaminado por uma visão de caridade, assistencialismo, generalização da política e de que as demandas não atendidas de uma comunidade serão elucidadas e resolvidas pelo corpo estranho ao lugar, o agente político externo, normalmente o parlamentar ou gestor de qualquer esfera.   
            
A macropolitica e a micropolítica devem se entrelaçar e se complementar, tendo como base uma compreensão pedagógica dialética de complementariedade que parte do principio que tanto uma compreensão macro como micro da política pode ser o “ponto de partida”, o conhecimento inicial, para se alcançar o “ponto de chegada”, conhecimento contextualizado desejado, que ser tornará novamente “ponto de partida” para compreensão de uma nova dinâmica social e política. 

Essa conjugação nos remete a necessidade de um projeto de nação compactuado com as bases comunitárias, para não reduzir a luta política ao contexto do lugar, ou ainda, a concepção do movimento pelo movimento.    

Os lugares não são ilhas e nem são isentos dos Aparelhos Ideológicos do Estado e é na contramão que devemos atuar, nossa maior democracia no campo da atuação comunitária deve ser a democratização dos saberes e fazeres com elemento central para o empoderamento social e ocupações dos espaços de poder.  

O trabalho de base comunitária deve reconhecer a capacidade e as limitações do outro, valorizar o tempero da autoestima como elemento de criar potência para articulação política, reoxigenar de forma constante e coletiva a luta do povo, a partir das condições objetivas e do acumulo de forças. 
A travessia desta construção significa um caminho que será travado contra a força do capital que de forma estruturada, desmonta à articulação e organização política de caráter popular e de base comunitária.        
   
*Pedagogo, artista/educador e integrante do Coletivo Camaradas 

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