Por Alexandre Lucas*
Toda escolha é estética? Escolher
a roupa, a comida, a imagem, a música e até mesmo os círculos de amizade denota
uma preferência historicamente construída. Na vida fazemos escolhas de forma e conteúdo
constantemente. Forma e conteúdo são elementos
que encontramos nas nossas relações estéticas e que carregam uma carga ideológica
que preenche o simbólico.
Seria impossível pensar a
vida dissociada da estética na sua acepção epistemológica que diz respeito a percepção
dos sentidos. As estéticas enquanto elementos ligadas as sensações e percepções
dentro do seus contextos sócio históricos e individuais existem e ultrapassam
os conceitos de belo e de arte.
Como pensar uma produção
estética fora dos padrões normativos baseados em técnicas, conceito de belo e hegemonia
cultural da classe dominante ou da guetização do circuito oficial das artes? Se
compreendemos que à estética é algo que se caracteriza pela não unicidade,
apesar da predominância de alinhamento aos padrões estéticos da sociedade de acumulação
do capital, podemos discorrer sobre a estética também como uma opção política
em que os elementos da forma e conteúdo se pautem por elementos que conjuguem novas
formas de refletir o simbólico no contexto de compromissos emancipatórios.
O Coletivo Camaradas no seu
pensar e fazer estético e artístico tem procurado desenvolver processos
criativos que proporcionem fruições caracterizadas por relações de identidade,
pertencimento, co-autoria, replicação, “despatenteamento”, inclusão,
expressividade e empoderamento social, ocasionado uma produção estética e artística
com e para as camadas populares.
Notadamente, não existe uma preocupação
primária com o domínio da técnica ou com a formação de artistas, mas com o
compromisso de refletir sobre uma arte coletiva, colaborativa e humanizadora
que instigue a criatividade e um posicionamento critico diante da realidade e por
conseguinte contribua com a democratização do saber e do fazer proporcionado a ampliação
da visão social de mundo.
Mesmo não existindo uma
preocupação com o domínio da técnica e a considerando importante dentro do
processo da produção simbólica, existe uma preocupação e uma escolha estética
que aponta o humanismo como constituição de uma linha de pensamento que coloca
a existência humana como principal obra de arte, a vida.
*Pedagogo, artista/educador
e coordenador do Coletivo Camaradas