Por Muriel Silva*
“podem votar, devem pagar por seus crimes”...
“Tem que prender esse bando de vagabundos mesmo...”
“Tem que ter pena não, eles não matam pais e mães de família?...”
Essas e outras tantas frases já escutei diversas vezes, desde que esse assunto passou a ter uma visibilidade maior, muitas ditas por pessoas que para mim, deveriam ter um maior esclarecimento, mas não as julgo, não sei quais experiências tiveram sobre esse tema...
Desde inicio de todo esse debate, sempre fui contra a redução, não vejo como solução. Esses menores que infringem as leis, possuem punições compatíveis com sua faixa etária e o crime cometido, previsto pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
O grande problema no Brasil é que esse estatuto, tão bem escrito e elogiado internacionalmente, não é de fato aplicado. Segundo o Jornal Zero Hora1, os próprios jovens que estão sobre medidas sócio educativas são contra a redução, por enxergarem as péssimas condições que o sistema carcerário brasileiro se encontra hoje e a falta de perspectivas que terão ao saírem. E eles também afirmam que há suas compensações em estarem no presidio, às vantagens que podem ter lá, que não possuem nas fundações de ressocialização.
Para somar a todo esse ”bafafá”, os adolescentes que estão em conflito com a lei são uma parcela muito pequena frente à população da mesma faixa etária, no país chegam a um percentual de 0,1583% segundo dados da Subsecretaria de Promoção do DCA2.
Sempre entendi que educação é o melhor de todos os caminhos, nos abrem portas, horizontes, que podem mudar nossas vidas de maneira profunda e para sempre. Por que será mais fácil estar focado nas consequências do que nas causas geradoras dessa violência? Por que é tão difícil investir em educação de qualidade? Quais os reais interesses por trás de tudo isso?
Esses são os questionamentos que gostaria de ver as pessoas discutirem, reivindicarem. Percebo que algumas falas se baseiam apenas no que escutaram, não se aprofundam, não pesquisam, não investigam. Nesse movimento de tudo ser “fast”, esquecemos o nosso maior potencial, nossa maior arma: o pensar!
Sabe aquela máxima que diz: “Todos são inocentes, até que se provem o contrário”? Pois é, quero poder continuar enxergando dessa forma, apesar da sociedade tê-la modificado, transformando-a em: “Todos são culpados, até que se provem o contrário”.
#NãoaRedução
Sou a favor de escolas de qualidade, de espaços preparados para proporcionar a prática de esportes, artes e lazer para essa galera, sou a favor de que o jovem possa ser respeitado e valorizado como alguém que pode contribuir, sou a favor que se escute, se conheça, se coloque no lugar, antes de qualquer julgamento. SOU A FAVOR DA VIDA!
*Pastoral da Juventude – Diocese de Crato e integrante do Coletivo Camaradas
Referencias: