Relações


Por Michele Tajra*



Fico sempre a questionar, teoria e prática parecem não se relacionar, a prática elimina a reflexão teórica, bem como disciplinas teóricas se desenvolvem apenas na abstração, distanciando-se da realidade que vivemos. Às vezes as coisas perdem os sentidos.

Em nossos laboratórios experimentais dentro da Cia. Luz sentimos constantemente durante o processo de criação a necessidade de fazer o conceito se aproximar da contextualização vivida. Se a proposta é vivenciar as inter-relações, compreender a complexidade dos fenômenos, não podemos ser simplistas. Aprender a escutar a se próprio e aos outros através da escuta da respiração é fundamental dentro de um processo criativo, vai instigar um novo olhar sobre o mundo e uma busca a aos paradigmas da nova era coletiva.

Segundo a pesquisadora Patricia Gracia "Uma simples reflexão sobre o ato de respirar pode nos trazer esta visão integradora, inter-relacional, holística, sistêmica. Respiração é vida. O ar que respiramos nos mantém vivos. No entanto, esta atividade, tantas vezes involuntária e inconsciente mostra-se mais complexa. Se pensarmos que a cada inspiração renascemos, oxigenamos nossos tecidos; e a cada expiração morremos, podemos compreender que vida e morte não são opostas, separadas, fazem parte de uma mesma unidade que oscila ora se apresentando como uma ou outra. Fazendo uma analogia com a física quântica; “ora onda, ora partícula”. (Patrícia Gracia Leal)

Integração é a palavra em questão. Corporeidade, a existência, a integração sujeito objeto, interioridade/exterioridade, cultura natureza tudo isso existe dentro de nós, chamo atenção aqui para a importância do exercício de valorização do processo, da práxis, da interpretação, da qualidade, do cultivo, aspectos que caminham rumo a uma possibilidade artística surpreendente em seu resultado estético e reflexivo.

E simplesmente respirar, pode ser um primeiro passo.

* Bailarina e integrante-fundadora do grupo de estudos: Luz.
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