Por João Dantas
Filho e Nilson de Oliveira Matos*
Este artigo foi construído a partir do Projeto
de Pesquisa intitulado, História do
Teatro de Crato: do Século XIX à Primeira Metade do Século XX. O referido
estudo está sendo desenvolvido pelo aluno/pesquisador e bolsista PIBIC/URCA,
Nilson de Oliveira Matos, com orientação do Professor João Dantas Filho, do
Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Regional do Cariri. A pesquisa
encontra-se em andamento e propõe realizar levantamentos históricos/teatrais
cratense, envolvendo as primeiras manifestações culturais, os primeiros
edifícios teatrais e os grupos teatrais cratenses originados no século XIX.
A história do teatro de Crato, em seus
primórdios, não é datada com precisão. As fontes são diminutas, na maioria das
vezes são relatos de habitantes, ou viajantes que registraram em seus diários
algo sobre a cidade. Há também artigos e anúncios em jornais e revistas, bem
como livros sobre a história do Cariri e do Ceará, além de outros livros
escritos por viajantes que estiveram de passagem em Crato no Século XIX, como
por exemplo, o botânico britânico George Gardner.
Há quase dois séculos existiam em Crato
duas datas comemorativas de cunho religioso, o Natal e a Novena de Nossa Senhora
da Penha. Neste contexto, Paulo Elpídio de Menezes em seu livro, O Crato de Meu Tempo, menciona manifestações
populares ocorridas na cidade de Crato, nas duas últimas décadas do século XIX,
entre elas se destacavam as cavalhadas, as lapinhas, o presépio vivo, os gongos,
a contradança e os dramas. (Cf. MENEZES,1985). Em relação a essas manifestações,
podemos acrescentar que não pretendemos, na nossa pesquisa, apontá-las como
teatro e sim, indicar os aspectos de teatralidade ou de espetacularização que elas
apresentavam. Encontramos outros relados no livro O Cariri, de Irineu Pinheiro, além de outras fontes históricas. Podemos
observar um alicerce cultural, visto que, em nossa contemporaneidade, nossas
manifestações folclóricas carregam entre si, toda uma herança de um passado que
acaba influenciando a cena teatral do presente.
Através da analise das edições do jornal
O Araripe, com acesso através do
acervo digital da Biblioteca Nacional, entre os anos de 1855 á 1860,
constatamos que, a partir da década de 1950 do século XIX, a cidade de Crato
possuía dois edifícios teatrais, são eles: o Theatro de Todos os Santos e o
Theatro Novo. Portanto, de acordo com as informações periódicas, podemos supor
que naquela época a cidade de Crato desenvolvia um papel fundamental, no que se
refere ao fazer teatral, podendo ser uma importante referência para toda Região
do Cariri.
As primeiras representações teatrais da
cidade eram realizadas exclusivamente por homens, incluindo os papeis
femininos. Neste sentido, podemos ressaltar que, a partir do final de Século
XIX e início do Século XX, precisamente no ano de 1900, com a chegada do juiz
substituto Manoel Soriano de Albuquerque, vindo de Recife – PE, iniciou-se um
tipo de teatro inédito na cidade de Crato e muito popular no Brasil: O Teatro
de Revista. No entanto, esse gênero teatral traz um fator importante, pois, é a
primeira vez a se admitir a presença de mulheres nos palcos cratenses. O
referido juiz também foi o criador do primeiro grupo teatral que se tem
conhecimento: Os Romeiros do Porvir.
Entre as décadas de 1910 á 1930 do Século
XX, há poucos registros sobre espetáculos e consequentemente sobre os grupos de
teatro, porém, existiam dois lugares onde ocorriam apresentações teatrais: o
Cine Moderno, com peças de grupos teatrais de outras cidades, e a quadra do
Colégio Santa Tereza, onde aconteciam espetáculos cratenses. No final da década
de 1940 surge o GRUTAC - Grupo Teatral de Amadores Cratenses, que consegue
consolidação e credibilidade. Neste contexto, teremos Waldemar Garcia, um dos
seus fundadores e um dos nomes mais importantes do teatro cearense, do Século
XX.
No que se refere às encenações dos
dramas, podemos nos pronunciar posteriormente, uma vez que, nossa pesquisa -
como já citamos anteriormente - encontra-se em andamento.
*João Dantas Filho (direita) e Nilson de Oliveira Matos (esquerda), professor e aluno pesquisadores do curso de Teatro da Escola de Artes da Universidade Regional do Cariri - URCA, respectivamente.
REFERÊNCIAS
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