"Professores que se vão, problemas que se ampliam: Desabafo de uma estudante do curso de artes da URCA"


A situação está ficando cada vez mais crítica, bem pior do que poderíamos imaginar que chegaria a ficar no curso de licenciatura em Artes Visuais da URCA. Nesse curso, onde pensei que encontraria atitudes e posturas diferentes daquelas mesquinhas, egoístas e tiranas, que buscamos combater nessa sociedade crescentemente injusta. No local em que realmente achei que encontraria um pouco mais de respeito pelas pessoas, pela liberdade de pensamento e expressão. Cada vez mais, ao analisar a situação na qual estamos envoltos, me questiono: onde foram parar os valores que defendemos? Por onde anda o senso de justiça e de luta pela democracia?

 Por Cimara Teotonio*

Depois de ver, com revolta, a saída/perca de dois professores efetivos do curso, que pediram exoneração por considerarem o ambiente do centro de artes hostil, opressor, etc., improdutivo para o debate acadêmico, vejo agora mais outro pedido de exoneração.

O que espanta e causa maior indignação, ainda mais nesse último caso, é o fato de que não foi a professora quem pediu sua exoneração. Esse pedido de nova exoneração se deu através de uma votação unânime pelo conselho do centro, que pediu o desligamento desta professora do quadro de professores da Universidade. Professora esta, que esteve afastada da universidade sob atestado médico. E por que estava afastada? Justamente por se tratar de mais uma vítima, pressionada psicologicamente. Não creio que haja salvo conduto para tais atitudes.

Permissivamente, vimos nosso curso, já repleto de problemas envolvendo a preocupante carência de docentes, perder dois professores efetivos. Pior é o fato de que estas perdas estão envoltas em situações complicadíssimas, expostas publicamente em carta aberta assinada pelos professores que se demitiram da Universidade por não aguentarem mais o clima no ambiente de trabalho. Isso, além de triste, é intrigante e revoltante. Principalmente quando vemos as cartas escritas pelos professores serem arbitrariamente arrancadas dos murais do campus, como se até os murais tivessem que permanecer mudos. Ou, pior, como se os murais fossem propriedade privada de alguns.

Minha turma e eu, que iríamos nos formar no final deste ano, já vimos esse prazo ser postergado para o final do ano que vem (se tudo correr bem), pela falta de professores em nosso curso. Mas, diante destes fatos que exponho aqui, com a perda de dois professores, e em prazo de tempo tão curto com a possibilidade de perda de mais uma professora, caso as instâncias superiores dessa IES não tomem providências, como ficará a nossa situação? E a do curso de artes visuais da URCA? Um curso superior com apenas 3 professores efetivos?

Não, não se trata apenas de me formar! De ter o meu diploma em mãos e “ufa, estou livre!” A verdade é que, se fosse, ainda sim estaria apenas clamando por um direito meu. Mas o fato é que até a formatura o caminho é longo... E não é justo que nós nos formemos nestas condições! Em meio a um ambiente de ensino sem professores!!!!! E onde muitos, professores e estudantes, se encontram coagidos, pressionados, tensionados em virtude de desentendimentos constantes. Essa situação, no local onde passamos grande parte do nosso tempo, além de não serem boas, nem para os professores nem para nós, acadêmicos, são incorretas. E por serem incorretas, são inadmissíveis. 

*Cimara Teotonio - É acadêmica de Artes Visuais da Universidade Regional do Cariri - URCA 
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