A escola nos braços do mundo: Aprendizagem e empoderamento comunitário


Por Alexandre Lucas*

Os projetos desenvolvidos nas escolas devem está alinhados a uma perspectiva Político-Pedagógico que vise contribuir para o processo de emancipação e de democratização dos saberes historicamente produzidos pela humanidade e contextualizado com a prática social dos educandos.

Essa compreensão serve para demarcar uma visão de educação e de um novo tipo de sociedade, o que exige dos educadores um comprometimento entre a socialização do conhecimento entranhado aos contextos das múltiplas realidades. Desta a forma a educação formal sai do seu campo de engessamento do conhecimento e permeia-se pela ampliação cotidiana e dialética da visão social de mundos de educandos e educadores.

Pensar a escola de tempo integral, ou ainda  programas e projetos dentro da escola é  percebe-los, enquanto,  instrumentos diretamente ligados a prática pedagógica da escola.  O que não é tarefa simples, mas requer um processo de continuo de entendimento de que as atividades propostas pelo programas/projetos  estão ou devem está  intimamente ligadas a aprendizagem e podem também estarem a serviço de um novo tipo de escola pautada pela inclusão, empoderamento comunitário e por novas formas assimilação do conhecimento.

Nesta compreensão, o espaço escolar tem uma dimensão agregadora e imprescindível para potencializar o conhecimento e ampliar a compreensão de escola e sua relação com a comunidade escolar e extraescolar. 

A escola tem que ser vista com uma unidade pedagógica dentro da sua diversidade de ações e de áreas do conhecimento. Portanto, os fazedores da escola: alunos, monitores, coordenadores, merendeiras, vigilantes, servidores administrativos e da limpeza   devem ser percebidos com elementos integrantes desta unidade pedagógica e incluídos dentro do Projeto Politico-Pedagógico da Escola.  

Vale enfatizar que os programas/projetos  como elementos pedagógicos  da escola devem primar por uma composição de educadores que possam contribuir para a ampliação da visão social de mundos dos educandos. O que nos coloca diante da necessidade de criar de forma contínua a formação dos educadores no que diz respeito aos aspectos  teórico pedagógico e a especificidade de cada  atividade.
Outro viés, imprescindível dentro da construção de uma escola cidadã, no discurso e na prática,  é promover além do empoderamento a partir do conhecimento,  novas formas de relação e de protagonismo social, fazendo como que a escola sirva como equipamento cultural comunitário e que as ações  oriundas dentro das escolas ultrapassem os muros e se torne patrimônio da comunidade. O que significa pensar em continuidades de ações e criar outras relações de organização que vão além dos Programas governamentais e ou do olhar umbilical sobre a escola que a torna um espaço insignificante e ilhado diante do entornos e dos contextos sociais.               

É imprescindível criar mecanismos públicos que afaste o apadrinhamento no âmbito escolar.   Neste sentido é essencial criar processos transparentes de seleção pública,  que possibilite ampliar o leque de possiblidades, o que deverá repercutir  no processo de aprendizagem dos educandos.   

O Projeto Político-Pedagógico de cada escola deve atentar para a necessidade do acompanhamento constante e de inclusão dos seus integrantes  em  todas as atividades da escola, bem como contribuir com o incentivo e a permanência do aluno como agente ativo da construção social da sua comunidade.   

Se a escola é uma espaço de conexão com  o  conhecimento historicamente produzido pela humanidade   é preciso criar ligações e diálogos entre saberes e fazeres, visando ampliar a visão social de mundo dos educadores e ampliar  os canais de interlocução escolar.

Concomitantemente é preciso aproveitar o potencial das universidades no seu tripé: Ensino, Pesquisa e Extensão. O elo com as universidades fortalece a dialética do processo educativo.   

A escola não é uma ilha.  É preciso ligar as escolas as  redes de artistas, pesquisadores, desportistas e movimentos sociais visando fazer com que a escola se contextualize com a realidade contemporânea e com os contextos reais da cidade com o intuito de possibilitar novos caminhos e buscas pelo conhecimento.       

Em cada escola, uma construção comunitária
A escola deve contribuir para a democratização do saber e ser potencializada como um dos principais equipamentos culturais de uma comunidade, em que a participação da comunidade escolar e extraescolar seja uma trivialidade do pensamento pedagógico, como vistas a atingir na prática o discurso da formação crítica e do exercício da cidadania.

Nesta lógica, a escola deve ser percebida como equipamento cultural, patrimônio do povo, como espaço de fluxos e interações sociais, de trocas de saberes e fazeres,  de construções coletivas e extraescolares, de democratização e descentralização do protagonismo social, em que o Projeto Político-Pedagógico   possa contemplar a escola dentro do seu contexto social e que incentive e potencialize o empoderamento comunitária como ferramenta de  construção das conquistas sociais.
Isto posto,  programas e projetos nas escolas  podem e devem ser inseridos no cotidiano da comunidade, a dança, o teatro, a capoeira, as artes visuais e o  artesanato por exemplo podem fomentar e impulsionar a organização de coletivos, fazendo com  que  as atividades ganhem um dimensão maior e saia das algemas escolares,  criando raízes e entrelaçamentos com a comunidade e vislumbrando outras realidades.  

Essa perspectiva amplia a visão de escola e combate a concepção reducionista de escola ilhada, em que as atividades pedagógicas não devem ultrapassar os muros ou que são patrimônios privados da escola, tornando o espaço escolar como algo descontextualizado da realidade.  É preciso  combater cotidianamente a efemeridade de ações/atividades como projetos, neste sentido se faz necessário repensar a escola dentro dos seus contextos como  proposta estratégica de desenvolvimento humano, a partir dos  processos de aprendizagens e do empoderamento comunitário.   


*Pedagogo, artista/educador e coordenador do Coletivo Camaradas
alexandrelucassilva@gmail.com     
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