CORDEL “UNE: 75 ANOS”


Por: Sílvia Cavalleire*

Você que ainda é jovem
Sabe que sonhos te movem.
E sonho de todos juntos
Pode mudar o mundo.
Portanto, continue Juventude,
A nos encher de atitude!

Você agora vai saber duma história
Que não há de sair de sua memória!
Por causa de suas lutas e glórias,
Guerreiros que conquistaram vitórias,
Com uma coragem mui da poderosa,
Viveram a vida de forma fabulosa!

É uma parte da história do Brasil
Que foram poucos os que viu.
É a saga do Movimento Estudantil
Que por milhões se construiu
Para muitos jovens se difundiu
E uma grande entidade surgiu.

Podemos dizer que tudo começou
Com o primeiro curso superior.
A Família Real Portuguesa
Deu educação só pra riqueza.
Na Bahia, a Faculdade de Medicina:
“Aqui, pobre ninguém ensina!”

Acesso ao ensino superior brasileiro
Só nobre ou quem tinha dinheiro.
Com poucas instituições no país
Universidade não possuía raiz.
Com o crescimento da industrialização
Aumentou-se as vagas pra população.

No Movimento Estudantil, foram os pioneiros
A Federação dos Estudantes Brasileiros.
Começou em 1901, mas teve pouca atuação.
Era preciso uma nova organização.
O Congresso Nacional de Estudantes,
Em 1910, teve muitos militantes.

A partir da Revolução de 30,
O desejo de uma entidade legítima.
Depois da forte Juventude Integralista
E da representativa Juventude Comunista,
Veio a nossa combativa união nacional
Em defesa da qualidade de vida social.

Em 11 de agosto de 37,
Um momento que não se repete:
Reunidos no Rio de Janeiro,
A juventude do país inteiro,
Do Conselho Nacional de Estudantes
Nascia a União Nacional dos Estudantes.

Essa entidade batizada como UNE
É a que nossos corpos e corações reúne,
De estado a estado, cidade em cidade,
Com forças progressistas da sociedade.
Hoje, a UNE completa 75 anos
Ainda jovem, sem medo e sem enganos.

Nos primeiros anos, um conflito mortal:
Eclodiu a Segunda Guerra Mundial.
Dispostos a lutar contra o nazi-fascismo,
Jovens da UNE cometem um ato de heroísmo.
Invadem a sede do Clube Germânia, em 42,
Situado na Praia do Flamengo, 132.

Quando o Brasil entrou na Guerra contra o Eixo,
Vargas disse: - O prédio para a UNE deixo.
O edifício do antigo Clube Germânia
Agora é da UNE e sua militância.
E o presidente afirmou pelo decreto-lei 4080,
Que a UNE os estudantes do Brasil representa.

Após a Guerra, a UNE fortaleceu a sua politização.
Em 46, com a promulgação da Constituição,
A UNE se posicionou contra a extração
Pois na nossa riqueza ninguém põe a mão.
Nada explorado por empresas estrangeiras!
“O Petróleo é Nosso”, é das terras brasileiras!

Dessa luta, a UNE não desistiu jamais!
Ficou até a criação da Petrobras.
Após o governo de Juscelino Kubitschek
Jânio e Jango sofreram um grave “xeque”.
Para Porto Alegre, a UNE transferiu temporariamente
A sua sede em prol do vice-presidente.

Na Campanha da Legalidade, ajudou João Goulart
Para que o vice tivesse o direito de se empossar.
Grato, Jango foi o primeiro presidente
Que até então fez algo diferente:
De volta ao Rio, nossa sede foi visitar
Despertando a ira do Poder Militar.

Em 62, surge a UNE Volante,
Uma Caravana itinerante,
Que foi em busca dos estudantes,
Nos lugares do país mais distantes,
Debater os contrastes e necessidades
De um Brasil de potencialidades.

Em 64, num grandioso comício,
Na Central do Brasil foi o início
Daquela que seria a grande guerra.
O presidente da UNE, José Serra,
Defendeu reformas sociais pelos ares
Irritando perigosos grupos militares.

Os conservadores decidiram atacar
E para depor o presidente João Goulart,
A primeira ação da Ditadura Militar
Foi metralhar, invadir e incendiar
A sede da Praia do Flamengo, 132.
O que foi, então, da UNE depois?

Da madrugada de 30 de março para 1º de abril,
Abriu-se o pior capítulo da História do Brasil!
A ditadura militar nos infernizou
Perseguiu, prendeu, torturou e executou
Centenas de brasileiros, muitos deles estudantes.
Terror que nunca havia sido visto antes.

O regime militar quis acabar com a entidade
Retirando legalmente sua representatividade.
Por meio da Lei Suplicy de Lacerda
Queriam que a militância fosse pra merda,
Mas ela continuou agindo nas ilegalidades
Em casas, escolas e universidades.

Para combater a violenta repressão
Congresso clandestino no porão.
A UNE continua firme na oposição
E em 68, participa de grande revolução.
Na passeata dos Cem Mil se exigia
Liberdade, justiça e democracia.

A opressão se arrastava por todo o país,
Por isso mataram o secundarista Edson Luís.
Houve invasão no Congresso da UNE em Ibiúna
E pra impedir que a militância de novo se reúna
Proclamaram o Ato Institucional número 5.
Ah! Tomara que cheguemos logo em 85!

Se a polícia pegasse um militante: - Prende!
Assim que foi assassinada Helenira Rezende.
A ditadura derramou lágrimas de muitas mães.
Mães de heróis como Honestino Guimarães.
Perseguido e executado, ele merece um hino
O nosso ícone, ex-presidente da UNE, Honestino!

No fim dos anos 70, o regime enfraquece.
Só que a juventude, esta nunca esmorece.
Movida revolucionariamente pelo amor,
A UNE se reconstrói no Congresso de Salvador.
Exigimos de volta o nosso prédio,
Mas ele foi demolido. Que remédio?

Chega o fim da ditadura militar
E às ruas, o Movimento Estudantil pode voltar.
Em 84, acreditando que a mudança virá
A UNE participa da Campanha das Diretas Já!
Tancredo Neves, apoiado pela UNE e os populares,
Tentou tirar da presidência os militares.

Em 85, o deputado e ex-presidente da UNE Aldo Arantes
Devolveu a legalidade à União Nacional dos Estudantes.
Anos depois, neoliberal queria bater na UNE como martelo:
“O Caçador de Marajás”, Fernando Collor de Melo.
Mas a UNE não tem medo de disputas acirradas.
Foi pra rua se juntar aos caras-pintadas.

A juventude não é bebê para precisar de colo,
Por isso fez o Brasil todo gritar “Fora Collor”!
Essa repercussão foi em 1992
(Podia ter sido antes, mas pelo menos não foi depois).
Collor renunciou para não sofrer impeachment
E ainda bem que não o impediram.

Infelizmente, o Brasil ainda correu riscos
Com outro presidente do neoliberalismo.
A UNE, contra a privatização do patrimônio nacional,
Pautou bastante o FHC no governo federal.
Firme contra a mercantilização da educação,
O sucateamento das universidades e o Provão.

Em 99, a volta do trabalho cultural
Com a realização da 1ª Bienal.
Atividades artísticas e intelectuais
Para quem gosta de cultura demais.
E pra cada bienal, uma cidade
Pra ter mais diversidade!

Já em 2001, uma ideia bem maluca:
Na UNE, é lançado o CUCA:
Circuito Universitário de Cultura e Arte,
Que é um grande show à parte!
Formado por militantes artistas
E manifestações muito bonitas!

Finalmente, chega o período de mudança!
Lula, o presidente que trouxe a esperança!
Através de grande plebiscito universitário
Os estudantes deram apoio ao operário
E a UNE contribuiu para eleger
Aquele que fez o Brasil crescer!

A UNE avançou nas reivindicações
E participou das manifestações
Por mais vagas no ProUni
E mais qualidade no Reuni.
A UNE entende o jovem brasileiro,
Que é de luta e é guerreiro.

Um momento em dois mil e sete,
Do qual também ninguém esquece:
Ocupamos e acampamos no terreno
Da sede na Praia do Flamengo.
E ali ficamos meses até conseguirmos
A posse da casa, dívida que tínhamos!

Neste século XXI, mais atuações:
Congressos, Bienais e Mobilizações.
E agora, o que a gente quer?
Um Brasil governado por mulher!
A UNE apoiou, no 2º turno das eleições
Dilma Rousseff, sem complicações.

É gente! A UNE não para e sempre se reinventa,
Porque sabe que os Estudantes representa!
O Movimento Estudantil é antigo
Mas é jovem e é nosso amigo!
E por isso gritamos: A UNE SOMOS NÓS!
NOSSA FORÇA E NOSSA VOZ!


*Sílvia Cavalleire  - É dirigente estadual da União da Juventude Socialista - UJS e acadêmica do curso de Letras  da Universidade Federal do Ceará - UFC. 
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