Por Alexandre Lucas*
É possível pensar o que somos e nos construimos enquanto organização a partir da pipoca? Para o pedagogo russo Pistrak , que vivenciou a experiência pedagógica e política na União Soviética com os coletivos infantis, é preciso reconhecer as crianças como seres ativos e possibilitar que elas possam se organizar, desenvolver e resolver os seus desafios pelos seus próprios meios nos coletivos infantis.
A experiência iniciada no Coletivo Camaradas denominada de "pipocada" carrega essa relação entre o universo do lúdico e a perspectiva da autoorganização defendida por Pistrak.
A "Pipocada" é um encontro que favorece a conversa, a brincadeira, os desafios e a preparação da pipoca.
No primeiro encontro, as crianças conseguiram expressar os seus entendimentos sobre o coletivo e definir algumas regras de convivência expressas nas seguintes palavras: escutar, organizar, respeitar e responsabilidade, num segundo momento definiram quais eram os camaradas que ficariam responsáveis pela feitura da pipoca, através de votação e através de sorteio foi definido quem iria colocar as pipocas nos sacos. Para o restante ficou a responsabilidade de brincar e organizar o espaço e os jogos.
Conversamos sobre as atividades programadas para a semana e a importância da participação das crianças.
Possivelmente, as crianças não estão aprendendo a comer pipocas, pois, já trazem essa experiência, mas certamente começando a refletir e construir-se individualmente e coletivamente, a partir da pipocada.
*Pedagogo e integrante do Coletivo Camaradas.