A onda golpista caminha na moda das manifestações

Por Alexandre Lucas

Mentira, o povo não acordou, já estava acordado...! As grandes conquistas sociais dos brasileiros foram fruto(s) da luta organizada do seu povo através de suas entidades e seus  partidos políticos. A história do nosso povo é recheada de heroicas, sacrificadas e intensas lutas populares.

O nosso passado e o nosso presente não pode ser negado. Nesse clima de aglutinação de forças e de mobilizações nacionais, forças antagônicas disputam espaços, de um lado a mídia golpista tenta capitanear esse clima para repor os seus representantes no centro da política nacional e despolitizar a luta política das manifestações, criando um clima de hostilidade, entre os militantes dos partidos políticos e os chamados independentes (os sem partido(s).Como se fosse necessário ou possível separar  os lutadores e as lutadoras do nosso povo.    Como se fosse possível rasgar a história da luta de  classes e dos movimentos sociais no Brasil. Por outro lado, temos os vários movimentos e partidos políticos que compreendem essas manifestações como viés de aglutinação de forças para construção de um novo tipo de sociedade e que estão atuando dentro dos movimentos sociais nesta perspectiva. Esses já estavam acordados há muito tempo e tendo um enorme trabalho para acordar muita gente neste Brasil. Um fato que precisa ser considerado neste aspecto é que a luta pontual para os partidos políticos (diga-se partidos ligados as  causas populares), é visto como vetor para uma luta maior. Quantos brasileiros filiados a partidos políticos de esquerda  foram perseguidos, torturados e assassinados para que hoje tivéssemos irrestrita liberdade de manifestação? Será que as manifestações atuais não tem nenhuma ligação com o passado? Seria uma atrocidade histórica negar essa contribuição dos militantes partidários com as conquistas sociais e democráticas do nosso povo.    

A pontualidade das manifestações e o sentimento modista revolucionário vem configurando uma nova conjuntura política nacional que necessita de algumas reflexões e uma delas é que a luta política não pode ser uma nova forma de fazer carnaval, no sentido de ações de aglutinações esporádicas e festivas. Não somos uma torcida de futebol, em que causas pontuais se tornam o nosso time.

É preciso aprofundar o que se esconde por trás dessa nova onda. É uma onda de disputa, em que as forças midiáticas e “contramidiáticas” ganham dimensões várias e que a luta de classes tenta ser escondida nos porões de  quem sempre negou a liberdade e entregou o patrimônio do nosso povo a grupelhos econômicos. Ou ainda, os que vestem a camisa da suposta independência ideológica e que vão as ruas movidos pelo sentimento de justiça e de fraternidade social. Para esses, digo que estamos no mesmo campo, no campo das lutas populares, no campo dos que lutam por igualdade de gênero e de tolerância religiosa, no campo dos que lutam por um novo tipo de educação e de melhores condições de vida para a população. Para esses, digo, vocês tem posição, portanto tomam partido!

Contenho posições, tomo partido e tenho partido e estamos na mesma luta. A luta pela construção de um mundo melhor! Será que algo me separa por ter um partido? Será que não podemos empunhar a mesma bandeira por justiça social?  

Digo mais, sejam bem-vindos, não é que a luta do nosso povo tenha dono, mas é que há muito tempo já estávamos esperando vocês para chamá-los de companheiros e camaradas.


*Pedagogo, artista/educador e militante do Partido Comunista do Brasil - PCdoB
Proxima
« Anterior
Anterior
Proxima »
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário