Fundação Casa Grande - Um espaço de vivência em políticas públicas



 Alemberg Quindins*

Alemberg Quidins  Foto: Alexandre Lucas  
Criada em 19 de Dezembro de 1992, a Fundação Casa Grande em Nova Olinda -CE nasceu para abrigar o Memorial do Homem kariri , coletando, juntando em acervo e expondo a memória arqueológica e mitológica da Chapada do Araripe.

 A antropologia dos povos, do entorno da Chapada do Araripe, foi a base inicial para construção da filosofia pedagógica da Fundação Casa Grande.

Desde a restauração da casa, que viria abrigar a instituição, o resgate da tradição oral dos antigos moradores de Nova Olinda, foi fundamental para reconstituição física do prédio original.

Após a casa restaurada e as portas abertas, foi a vez das crianças da comunidade adotarem o espaço, como um ambiente lúdico e se apropriarem da gestão administrativa da Fundação.

No primeiro ano após a sua inauguração, a Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri, já contava com sua primeira diretoria mirim, como foi denominada, formada por três diretores, Diretor de cultura, diretor de pesquisa e diretor de manutenção, numa faixa etária de 09 anos de idade.

O diretor de pesquisa recepcionava os visitantes que vinham conhecer o pequeno museu; o diretor de cultura dinamizava os folguedos infantis, no terreiro da casa, e o diretor de manutenção cuidava do bem estar do espaço ambiental .

Os três diretores foram, aos poucos, trazendo amigos das ruas onde residiam e transformando-os em auxiliares, assim, nasce na comunidade o termo “Meninos da Casa Grande”.

A Casa, recém aberta, precisava se comunicar com a comunidade do entorno e para isso regatou a antiga amplificadora da cidade “A Voz da Liberdade” com três programas semanais: um no dia da feira local, voltado para a população rural; outro dedicado a velha guarda e um programa infantil, para chamar a criançada a vir participar da “Escolinha de iniciação à Casa Grande”. Uma escola preparatória para inclusão das crianças no espaço de formação da Fundação.
As crianças vivenciavam neste espaço a relação entre liberdade e responsabilidade, transformando-as em autonomia. O resultado era observado no aumento da auto estima e na formação do protagonismo infanto-juvenil .
Assim, os muros da Casa delineavam uma noção territorial que junto a simbologia filosófica da Fundação se praticava a construção de cidadania.

Essa experiência , migrou do espaço físico da Fundação, para as residências das famílias das crianças.Após a observação do número cada vez mais crescente de visitantes por ano, foi criada uma cooperativa dos pais dos meninos da Casa Grande, para receber aqueles que queriam ficar mais dias convivendo no local.

Daí surge o programa de turismo comunitário que fez de Nova Olinda um dos 65 destinos indutores do turismo federal e pólo turístico do interior do Ceará pelo ministério do turismo.

Parcerias surgiram e a Casa Grande tornou-se “Pontão de cultura” do Ministério da Cultura e “Casa do Patrimônio da Chapada do Araripe” pelo IPHAN.

Os meninos que chegaram crianças, hoje, ocupam lugares na direção geral da instituição dando continuidade ao processo de gestão cultural de criança para criança .

A Fundação Casa Grande mantém a autonomia do seu projeto inicial, desenvolvendo políticas publicas como um espaço de vivência em gestão cultural através de cinco programas: Memória, comunicação, artes, turismo e desporto e meio ambiente por intermédio dos seus laboratórios de conteúdo e produção.

*Idealizador da Casa Grande

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